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Em breve você vai comer carne vegana sem fazer careta

Rafael Capanema

07/05/2019 14h55


Imagens: Rafael Capanema

Eu não sou vegano, mas acho muito bons os argumentos principais para adotar esse estilo de vida: menos maus-tratos animais, menos agressões ao meio ambiente e potencialmente mais saúde.

E mesmo se não fosse tudo isso, eu, como cozinheiro amador, acho um desafio técnico muito interessante fazer uma comida gostosa sem usar nenhum ingrediente de origem animal. É óbvio que é possível, como atestam vários clássicos da culinária internacional 100% veganos: a pizza marinara, o babaganuche, a Paçoquita Cremosa…

Também acompanho há alguns anos, com muito interesse, a nova geração de "carnes falsas" vegetais. Nada a ver com aquelas coisas tristes das lojinhas e das seções naturebas do supermercado: são carnes veganas com cara, textura e gosto de carne animal. E com nenhum nome muito estranho na lista de ingredientes.

Uma das pioneiras foram as tirinhas de frango falso Beyond Chicken, da empresa Beyond Meat, lançadas em 2012. Provei-as alguns anos atrás, nos EUA, e fiquei muito impressionado.

Depois das tirinhas de frango, a Beyond Meat lançou ainda linguiça, carne moída e o seu produto mais famoso: o hambúrguer Beyond Burger. Nos EUA e em alguns outros países, ele está disponível em restaurantes e supermercados.

A maior concorrente da Beyond Meat é a Impossible Foods, que faz o Impossible Burger. No mês passado, o Burger King começou a servir Whoppers na cidade de St. Louis, nos EUA, com Impossible Burger como alternativa à carne de verdade.

Eu já havia provado a versão 1.0 do Impossible Burger (já estão na 2.0!) e do Beyond Burger em restaurantes. Gostei muito das duas. Na semana passada, eu soube por um anúncio no Facebook que o Beyond Burger passou a ser vendido para consumidores comuns aqui onde eu moro, na Espanha. Encomendei uma caixa com dez hambúrgueres veganos, que chegaram hoje.

Eis o Beyond Burger "cru". Tem um aroma, digamos… frutado. Melhor que o de carne moída de verdade, na minha opinião.

As instruções indicam três minutos por lado, mas não falam nada sobre a altura do fogo. Fui de fogo alto, como se fosse um hambúrguer comum, mas o primeiro lado queimou. Na próxima vez vou de fogo médio.

Quis manter a refeição 100% vegana e sentir bem o sabor da carne falsa. Então selei o pão com óleo de girassol, em vez de manteiga, e não coloquei queijo (nem mesmo queijo vegano) e nenhum condimento.

O Romeu, meu cachorro, demonstrou interesse idêntico ao que costuma ter por hambúrgueres com carne de verdade.

Note que a textura é parecida, mas não exatamente igual à de carne moída real.

O sabor é delicado. Tem um toque bem característico, vegetal. Não é igual à carne bovina. É muito melhor que um hambúrguer medíocre, mas ainda está longe do sublime. É uma escolha segura, digamos.

Também tentei fazer um molho à bolonhesa rápido. O hambúrguer se desfaz mais ou menos como carne moída, mesmo.

Ficou gostoso. Crianças ou pessoas distraídas talvez não percebam a diferença. Mas o melhor elogio que eu posso fazer é que fica igual a uma bolonhesa pronta de supermercado. Ou seja, não tente servi-la em Bologna: lá vão te xingar.

Mas este foi só o primeiro dia. Pretendo fazer mais alguns testes: hambúrguer esmagado (smashed burger), almôndegas, kafta… Se quiser acompanhar, siga-me lá no Instagram (aceito sugestões de preparos não ortodoxos).

O preço do Beyond Burger ainda é muito, muito alto: na Espanha, € 3,6o (R$ 16) por carne de hambúrguer; nos EUA, US$ 3,20 (quase R$ 13). Mas a tendência é que o custos de produção caiam e que os preços fiquem abaixo dos da carne animal. Quando esse dia chegar, eu pretendo aderir às alternativas veganas. E você?

Sobre o Autor

Rafael Capanema é formado em jornalismo. Trabalhou na Folha de S.Paulo e no BuzzFeed. Paulistano, mora em Madri desde 2015.

Sobre o Blog

Um espaço para entreter, tendo sempre o humor como norte, a partir da minha experiência como redator de entretenimento, repórter de tecnologia e autor de blogs nos primórdios.

Rafael Capanema